Grêmio sem estádio: Por que a Imortal não volta para o Olímpico?

Grêmio sem estádio Por que a Imortal não volta para o Olímpico
O Imortal Tricolor segue na zona de rebaixamento e um dos motivos pode estar na distância que o time está de casa, mesmo nos jogos como mandante.

Há mais de 2 meses os torcedores gremistas não sabem o que é assistir a um jogo do Grêmio em Porto Alegre. Nos últimos meses de março e de abril, a capital do Rio Grande do Sul, sede da equipe tricolor, foi vítima de um dos piores alagamentos em decorrência da cheia do Rio Guaíba. Foram cerca de 2,3 milhões de pessoas afetadas, sendo que desses, 442 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Os custos continuam sendo calculados e estima-se que a cidade precisará passar por uma reconstrução completa.

Um dos locais mais afetados pelas enchentes foi justamente a região onde fica a Arena do Grêmio. Localizada na beira do Rio, a Arena do Grêmio foi tomada pelas águas e o gramado permaneceu imerso durante dias. Passado o período crítico das enchentes, a gestão do estádio iniciou o processo de troca do gramado e reparos na estrutura da Arena. No entanto, esses reparos demandam um tempo que o apertado calendário do futebol brasileiro não poderia esperar.

Assim, o Tricolor teve que mudar sua casa, assim como milhares de outros gaúchos. Para mandar seus jogos pela Libertadores e Campeonato Brasileiro, o Grêmio optou pelo Couto Pereira, estádio do Coritiba, sediado em Curitiba, capital do Paraná, há mais de 700 quilômetros de Porto Alegre. A expectativa é que o estádio gremista esteja pronto em agosto, mas a gestora responsável pelos reparos já notificou a direção alegando que é provável levar mais tempo. Com isso, uma dúvida surge entre os torcedores, por que o Grêmio não volta a mandar seus jogos no lendário estádio Olímpico?


Antiga casa do Grêmio não foi atingida pelas enchentes

Ao contrário do que muitos sites especializados em esportes alegam, o antigo estádio do Grêmio não foi demolido. O Olímpico Monumental, como ficou conhecido, continua de pé e foi um dos poupados pelo Rio Guaíba durante as enchentes de março. Com capacidade para 45 mil pessoas, a enorme construção do meio do século passado continua de pé na região central de Porto Alegre, há cerca de 20 km da nova Arena do Grêmio.

O antigo estádio também está fechado, mas por outros motivos do que o seu irmão mais novo. Utilizado como forma de pagamento para a construtora OAS, que construiu o novo estádio gremista, no Olímpico segue fechado por conta de um impasse na negociação. A direção do Grêmio alega que a construtora não cumpriu com o acordo, que previa a transmissão da Arena do Grêmio para gestão do clube. Como o Grêmio ainda não é dono da Arena, preferiu manter o Estádio Olímpico como garantia.

Por conta desse impasse, o estádio segue fechado há mais de uma década. O último jogo aconteceu em fevereiro de 2013, quando os donos da casa venceram o Veranópolis pelo placar de 1 a 0, pelo primeiro turno do Campeonato Gaúcho. Desde então, a construção não recebe mais nenhum evento, e o gramado e as instalações estão totalmente abandonadas. O custo para arrumar novamente o local, que deve ser maior do que o para consertar a Arena do Grêmio, deve ser o fato preponderante para o time gaúcho não retornar para o espaço.


Estádio Olímpico foi palco de inúmeras glórias gremistas

Até meados de 2013, a casa do Grêmio era o Estádio Olímpico Monumental, uma construção datada da época de 1950. Construída pelo arquiteto Plínio Oliveira Almeida, o estádio levou quase 30 anos até estar pronto. Dividida em duas partes, a primeira parte foi construída logo após a concepção, em 1954, mesmo ano que houve o torneio inaugural no local. No entanto, o espaço contava apenas com anel inferior, e a capacidade máxima não passava dos 30 mil.

Porém, em meados de 1980, o clube conseguiu terminar a construção do anel superior, aumentando a capacidade para quase 100 mil pessoas. Em um jogo do dia 26 de abril, a equipe teve o seu recorde de público no estádio, com 98.421 pessoas presentes na partida contra a Ponte Preta, pela semifinal da Taça Ouro. No entanto, apesar do recorde de público, a equipe do Grêmio saiu derrotada por 1 a 0. O estádio, no entanto, foi cenário de muitas outras glórias da equipe ao longo dos anos.

Um desses jogos foi a partida contra o Atlético Nacional, pela final da Libertadores de 1995. O segundo título da competição do Grêmio começou nos gramados do Olímpico Monumental, com a presença de mais de 60 mil torcedores. Na ocasião, a equipe comandada por Luiz Felipe Scolari ganhou o jogo de ida, vencendo os colombianos por 3 a 1 e dando o primeiro passo rumo à conquista das Américas. Os ídolos Jardel e Paulo Nunes marcaram os dois gols da partida.

Mas o grande jogo do estádio aconteceu 12 anos antes, quando o Grêmio venceu o Peñarol por 2 a 1 e conquistou o primeiro título da Libertadores, levando os milhares de torcedores à loucura e uma festa enorme nas arquibancadas do Monumental. Estádio que também foi palco para jogos da seleção, nos anos de 1981, 1987, 1994 e 2001. Além disso, o estádio recebeu grandes ídolos da música, como a cantora Madonna, em 2012.


Olímpico foi temporariamente reativo para coletar doações

Na verdade, o Monumental segue fechado apenas para jogos, mas abriu temporariamente como centro de coleta para doações aos atingidos pelas enchentes. A iniciativa foi do Grêmio, que viu no espaço uma importante figura de centralização das ações para ajudar os gaúchos atingidos pelas enchentes. Assim, prestes a completar 70 anos de vida, o Monumental Olímpico segue sendo um importante local de reunião e celebração pela vida.

Resta a torcida, por parte dos torcedores gremistas, para que a equipe ainda volte a mandar seus jogos no antigo estádio. No local, o Grêmio jogou 1767 jogos, vencendo 1159 partidas, empatando outras 381 e perdendo apenas 227. Foram 3510 gols marcados, apenas 1306 sofridos. Além disso, o maior artilheiro do antigo estádio é Alcindo, que fez 129 gols em 186 jogos. O Olímpico é também o palco da maior goleada feita pelo Grêmio, nos 10 a 0 contra o Pelotas pelo Campeonato Gaúcho de 1977.